São Paulo tem mil e um shoppings e salas de cinemas de qualidades altíssimas com as melhores telas que exibem os filmes do momento. Sou frequentadora assídua de salas de cinema e tenho lá minhas preferências quanto aos locais onde filmes legendados são exibidos com maior e menor frequência. São Paulo e a maioria das cidades grandes que possuem redes de cinema tem o mesmo problema: a exibição de filmes dublados em 90% dos horários, deixando os filmes legendados para horários tardios, e a lotação das salas. Em uma dessas duas experiências, encontrei o “Belas Artes, meu amor”.
Já havia passado pela rua Consolação várias vezes, mas nunca tinha entrado no cinema de rua, conhecido desta forma por não ser uma franquia de shopping. O Caixa Belas Artes exibe filmes desde meados dos anos 50 e foi, oficialmente inaugurado, em 1967 com a exibição de “Os Russos estão chegando, os russos estão chegando”. O Caixa Belas Artes ganhou a divisão de 6 salas de cinema e cada uma delas recebe o nome de um artista brasileiro: Candido Portinari, Villa Lobos, Oscar Niemeyer, Aleijadinho, Mário de Andrade e Carmen Miranda, e as salas são todas bem amplas com uma boa visibilidade para a tela.
Um dos pontos legais do cinema é que os filmes em cartaz geralmente ficam por mais tempo sendo exibidos, além da diversidade de longas estrangeiros. Ainda tem a lojinha de souvenir’s, a bomboniere e uma pequena cafeteria. O lugar é todo decorado com pôsteres de filmes antigos e, normalmente, está lotado nos finais de semana, mas ainda sim, é uma boa pedida para quem quer ver algum filme estrangeiro ou que normalmente não é exibido com frequência nos cinemas de shopping.
Mas, apesar de ser um dos cinemas queridinhos da cidade, em 2011 ele teve suas portas fechadas. A falta de fundos para manter o prédio e o cinema funcionando foram os principais motivos. Em 2013, o cinema teve sua fachada tombada como patrimônio histórico cultural e em 2014, a Prefeitura de São Paulo e a Caixa Econômica fizeram uma parceria e reabriram o cinema. Ah, e ainda tem o drive-in que embora tenha esse nome, não é um dos tradicionais, daqueles que se para o carro e assiste ao filme. Mas sim uma sala com bancos de carro e um trailer antigo que serve algumas receitas de um cardápio especial.
O Riveira Bar, de Facundo Guerra, atravessa a Rua da Consolação e ganha um posto avançado dentro da sala 3 do Caixa Belas Artes, de André Sturm, que agora passa a ser chamada de sala Drive-In. A ideia da parceria surgiu na época da reinauguração do cinema em 2014 e conquistou o apoio de Budweiser para ser inaugurada ao público. Remodelada, a sala comporta 83 pessoas, acomodadas em bancos de carro restaurados como Dodge, Impala, Galaxie e Cadillac, além de duas fileiras de poltronas tradicionais. No fundo da sala, a cozinha foi montada na carcaça de um trailer inspirado no clássico modelo Airstream, onde as receitas serão finalizadas.
A Caixa Belas Artes é um lugar icônico, daqueles em que você para e fica imaginando como seria a vida ali em torno de 1950, como seriam as pessoas, os filmes, os acontecimentos… Um ponto de encontro entre o clássico e o urbano.
Imagens e informações: www.caixabelasartes.com.br